ATIVIDADES – VARIANTES LINGUÍSTICAS
1. Assinale a alternativa que traz exemplo de variedade linguística que exemplifique variação de estilo (ou seja, diafásica, ou de registro).
A) É urgente que os gringos se comprometam a manter o aquecimento global abaixo de 2ºC em relação aos níveis de 1990.
B) Estudos revelam que Barack Obama fez mais pelo meio ambiente do que os governos americanos anteriores nos últimos 30 anos.
C) Japão e Itália liberam pouca quantidade de gases do efeito estufa, mas carecem de uma política climática para alcançar as metas fixadas pela ONU.
D) Os Estados Unidos mantêm o maior nível de emissão per capita de poluentes no mundo todo.
2. Assinale a alternativa que contém uma informação FALSA em relação ao fenômeno da variação linguística.
A) A variação linguística consiste num uso diferente da língua, num outro modo de expressão aceitável em determinados contextos.
B) A variedade linguística usada num texto deve estar adequada à situação de comunicação vivenciada, ao assunto abordado, aos participantes da interação.
C) As variedades que se diferenciam da variedade considerada padrão devem ser vistas como imperfeitas, incorretas e inadequadas.
D) As línguas são heterogêneas e variáveis e, por isso, os falantes apresentam variações na sua forma de expressão, provenientes de diferentes fatores.
3. Leia o texto abaixo para responder as duas primeiras questões.
À pampa, truta?
A gíria é o elemento mais intercambiável entre as tribos. Ela se dissemina rapidamente e acaba se incorporando ao vocabulário de todas elas.
(Revista Ana Maria, 22 de maio 2005, p. 36) A partir do texto apresentado, assinale o que for correto.
( ) As gírias são expressões que marcam a língua coloquial, ou seja, é uma variante mais espontânea, utilizada nas relações informais entre os falantes.
( ) O emprego intensivo de gírias entre os falantes faz com que essa variedade lingüística se propague rapidamente.
( ) O autor do texto expõe sobre um processo lingüístico que sofre influência de inúmeros fatores entre eles: a relação entre falantes e ouvintes.
( ) “À pampa, truta” são expressões resultantes de variação lingüística, empregadas entre falantes, marcadas por uma época e o grupo social de que fazem parte.
( ) O vocábulo “tribos” está empregado em um sentido denotativo, isto é, real.
4. (…) Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vaivem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo facilitar — é todos contra os acasos.
Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois, no fim dá certo. Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem licença de coisa nenhuma! Porque existe dor. E a vida do homem está presa, encantoada — erra rumo, dá em aleijões como esses, dos meninos sem pernas e braços. (…)
(Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas.)
Uma das principais características da obra de Guimarães Rosa é sua linguagem artificiosamente inventada, barroca até certo ponto, mas instrumento adequado para sua narração, na qual o sertão acaba universalizado.
a) Transcreva um trecho do texto apresentado, onde esse tipo de “invenção” ocorre.
b) Transcreva um trecho em que a sintaxe utilizada por Rosa configura uma variação lingüística que contraria o registro prescrito pela língua padrão.
5. Assinale a opção que identifica a variação lingüística presente nos textos abaixo.
Assaltante Nordestino
–Ei, bichin… Isso é um assalto… Arriba os braços e num se bula nem faça muganga… Arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim se não enfio a peixeira no teu bucho e boto teu fato pra fora! Perdão, meu Padim Ciço, mas é que eu to com uma fome da moléstia…
Assaltante Baiano
– Ô meu rei… (longa pausa) Isso é um assalto… (longa pausa). Levanta os braços, mas não se avexe não… (longa pausa). Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado… Vai
passando a grana, bem devagarinho… (longa pausa). Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado… Não esquenta, meu irmãozinho (longa pausa). Vou deixar teus
documentos na encruzilhada…
Assaltante Paulista
– Orra, meu… Isso é um assalto, meu… Alevanta os braços, meu… Passa a grana logo, meu… Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pra comprar o
ingresso do jogo do Corinthians, meu… Pó, se manda, meu…
(A) variação social
(B) variação regional
(C) variação cultural
(D) variação histórica
(E) variação padrão
6. O uso da linguagem nos quadros abaixo sofre variação lingüística.
(A) regional
(B) literária
(C) grupal técnica
(D) padrão
(E) social
Leia o texto para responder às questões 7, 8, 9 e 10.
Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol dizendo “estereotipação”? E, no entanto, por que não?
Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.
Minha saudação aos aficionados do clube e os demais esportistas, aqui presentes ou no recesso dos seus lares.
Como é?
Aí, galera.
Quais são as instruções do técnico?
Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de
contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de
preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o
esférico, concatenarmos um contragolpe agudo com
parcimônia de meios e extrema objetividade, valendonos
da desestruturação momentânea do sistema oposto,
surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação.
Ahn?
É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça.
Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?
Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à
qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas?
Pode.
Uma saudação para a minha progenitora.
Como é?
Alô, mamãe!
Estou vendo que você é um, um…
Um jogador que confunde o entrevistador, pois não
corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo
primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a
estereotipação.
Estereoquê?
Um chato?
Isso.
Luís Fernando Veríssimo (In: Cor reio Brasiliense, 13/05/1998)
7. O texto retrata duas situações relacionadas que, fogem à expectativa do público:
a. A saudação do jogador aos fãs do clube, no início das entrevistas e saudação final
dirigida à sua mãe.
b. A linguagem muito formal do jogador, inadequada à situação da entrevista e um
jogador que fala, com desenvoltura, de modo muito rebuscado.
c. O uso da expressão “galera” por parte do entrevistador e da expressão “progenitora”,
por parte do jogador.
d. O desconhecimento, por parte do entrevistador, da palavra “estereotipação”, e
a fala do jogador em “é pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça”.
e. O fato de os jogadores de futebol serem vítimas de estereotipação e o jogador
entrevistado não corresponder ao estereótipo.
8. A expressão “pegá eles sem calça” pode ser substituída sem comprometimento de sentido, em língua culta, formal, por:
a. Pegálos na mentira.
b. Pegálos desprevenidos.
c. Pegálos em flagrante.
d. Pegálos rapidamente.
e. Pegálos momentaneamente.
9. O texto mostra uma situação em que a linguagem usada é inadequada ao contexto. Considerando as diferenças entre língua oral e língua escrita, assinale a opção que representa também uma inadequação da linguagem usada ao contexto:
a) “o carro bateu e capotô, mas num deu pra vê direito” - um pedestre que assistiu ao acidente comenta com o outro que vai passando
b) “E aí, ô meu! Como vai essa força?” - um jovem que fala para um amigo.
c) “Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma observação” - alguém comenta em uma reunião de trabalho.
d) “Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao cargo de Secretária Executiva desta conceituada empresa” - alguém que escreve uma carta candidatando-se a um emprego.
e) “Porque se a gente não resolve as coisas como têm que ser, a gente corre o risco de termos, num futuro próximo, muito pouca comida nos lares brasileiros” - um professor universitário em um congresso internacional.
10. Analise as seguintes asserções a respeito do texto “Aí, galera”
I. O efeito cômico do texto deriva do contraste entre a idéia preconcebida do entrevistador sobre um jogador de futebol e as características do jogador entrevistado.
II. O cronista satiriza a classe de jogadores, uma vez que, para ele, nenhum jogador apresenta domínio da variante padrão da língua portuguesa em entrevistas.
III. O termo “inclusive”, sublinhado no texto, indica que as ligações entre o jogador e a mãe dele não são apenas sangüíneas. Sentido este que seria perdido, caso o termo fosse substituído por “preponderantemente”.
Estão corretas apenas as afirmativas
(a) II e III.
(b) I e III.
(c) I e II.
(d) I, II e III.
(e) I.R